sábado, 6 de outubro de 2012

[ Português ] Cantigas e Trovadorismo

Trovadorismo


    Foi um movimento literário da língua portuguesa, que começou na Idade Média. Nos tempos do feudalismo, do estado teocêntrico, do senhor e vassalo, e zás e zás.
    
      
A poesia daqueles tempos era como unha e carne com a música. Eram coisas indissolúveis. Os poemas eram cantados, acompanhados com instrumentos musicais e dança. Aquele que compunha e cantava os poemas era denominado trovador (ou bardo, se você joga RPG), e a composição, cantiga.
      Naqueles tempos, saber ler era um negócio raro, restrito aos sacerdotes e alguns nobres. E justamente por isso que as cantigas tinham rimas e eram cantadas. Havia uma necessidade de facilitar a memorização.



Tipo de cantigas


 Cantigas de amor


   Eram as cantigas em que o trovador se colocava numa posição abaixo da mulher amada. Um cara interessante, que fazia tudo por ela, esperando um sentimento recíproco.
   O tema mais comum era o amor não correspondido. Bem coisa de pagode e emocore.

Se eu podesse desamar

a quen me sempre desamou,

e podess'algún mal buscar

a quen me sempre mal buscou!

Assí me vingaría eu,
se eu podesse coita dar,
a quen me sempre coita deu.

Mais sol non posso eu enganar
meu coraçón que m'enganou,
por quanto me fez desejar
a quen me nunca desejou.
E per esto non dormio eu,
porque non poss'eu coita dar,
a quen me sempre coita deu.

 Cantigas de amigo


   "Amigo" naquela época significava namorado. Enquanto nas cantigas de amor o eu-lírico é um homem, nas de amigo é uma mulher, que lamenta pela falta do amado.

-Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!

     Ai Deus, e u é?



Ai, flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
     Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pos comigo!
     Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado
aquel que mentiu do que mi ha jurado!
     Ai Deus, e u é?

 Cantigas de Escárnio e Maldizer


    Ambas são cantigas de satirização, zoação e afins. A diferença entre elas é que a de escárnio funciona com indiretas, poupando o nome do escarneado e usando duplos sentidos, enquanto a de maldizer era uma coisa direta, mais agressiva, onde o nome do satirizado poderia aparecer ou não.

   Escárnio:

Ai, dona fea! Foste-vos queixar
que vos nunca louv'en meu trobar;
mas ora quero fazer um cantar

en que vos loarei toda via;

e vedes como vos quero loar:

dona fea, velha e sandia!



Ai, dona fea! Se Deus me pardon!

pois avedes [a] tan gran coraçon

que vos eu loe, en esta razon

vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!

    Maldizer:
Luzía Sánchez, jazedes en gran falha
comigo, que non fodo máis nemigalha
dũa vez; e, pois fodo, se Deus mi valha,
fiqu'end'afrontado ben por tercer día.
     Par Deus, Luzía Sánchez, Dona Luzía,
     se eu foder-vos podesse, foder-vos-ía.


Vejo-vos jazer migo muit'agravada,

Luzía Sánchez, porque non fodo nada;

mais, se eu vos per i houvesse pagada,

pois eu foder non possso, peer-vos-ía.
     Par Deus, Luzía Sánchez, Dona Luzía,
     se eu foder-vos podesse, foder-vos-ía.



                                                                                                               Staff PontoG da 1C

   

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